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TAROT GANCHO. 2017-2020

trabalho desenvolvido com base no Tarot de Marselha, com o intuito de revisitar as simbologias da minha adolescência

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Tudo parecia um tanto por acaso: tirar as cartas por acaso; fitar aquele antigo tarot de Marselha – que sequer possuía todas as lâminas, contando com 22 arcanos e as figuras humanas somente; e aquela vontade de desenhar as imagens tão comuns à minha adolescência... Sentava à mesa grande de madeira – que meus pais tinham comprado logo que mudaram para a chácara, mas que, na certa, tinha um quê de imortal – e esperava que minha mãe pegasse em minhas mãos e dissesse: pense em uma pergunta.

Incenso aceso, pedras ao lado, sempre alguma flor colhida ali do mato e o olhar instigante da minha mãe para as cartas, como quem as conhecia ali mesmo. O timbre de voz dela, ao narrar as cartas, seguia com o mesmo tom professoral que lhe era comum. A voz firme da minha mãe talvez habite um pouco a minha hoje em dia.

Mas fato é que havia cartas abertas muitas vezes na adolescência. Gostava da atmosfera mágica, que contrastava um tanto com o jeito cerebral da minha mãe. Naquele momento, tudo fazia parte de outra dinâmica: a do oráculo.

Então talvez não fosse por um acaso que os 22 arcanos ficassem tão presentes em minha cabeça. As cores simples e objetivas, os riscos diretos e as cartas temidas. Quis desenhá-las aos... 28? Tardei, recomecei, as ilustrei, ressabiada, sem a confiança de me ver nelas.

Um dia minha mãe me disse “sabe que você ta desenhando as cartas e, há uns tempos, escrevi um poema para cada uma delas?”. A ideia de juntar esse trabalho em um projeto foi consequência, a conclusão, uma conquista. Na certa não era acaso: era a sensação da mesa, o mistério, o incenso, a flor do mato e éramos, como ainda somos, nós duas, num encontro que é elo e espelho, palavra e esboço.

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